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O olfato, com sua ágil memória,
de imediato me arrebata com seu cheiro de campo florido
para o exalar da infância
e dos jardins de cantigas
das peras verdes
do acordar de madrugada com um teatro de sombras projetado na parede
das risadas dos primos
dos gatos, filhotes ou não, que não queriam se deixar acarinhar
do cheiro de feno
da conversa ao pé de ouvido com os bezerros do celeiro
de pular de 3 metros de altura sobre um monte de espigas de milho
de banho de açude
de cheiro de chuva no mato
de orvalho
do galinheiro com a surpresa dos ovos e dos pintinhos
de comer coquinho bem doce
da polenta da oma pelas manhãs
do amor
da parreira carregada
de trotar a cavalo
de bater manteiga
de tomar leite tirado na hora
de andar de trator
do calor do fogão a lenha
do sorriso da avó
de casa cheia
de entardecer com sopa e conversas
de férias na fazenda
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