Chuva de folhas
Saiu a gritar a plenos pulmões, alardeando uma chuva de folhas.
Menino, não conhecia o vento.
Sem seu consentimento, vívidas e impenetráveis, as folhas chovidas traziam reflexos de céu.
Nervuras flexíveis de altitudes caídas, indicando vontades que não cabiam em sua mão.
Estiveram no alto da vida, dando margem às sombras, sem descanso ou dilema. Apenas existindo.
Suas desconhecidas memórias no chão insondáveis, precedendo as sementes que viriam a seguir. Adubado estavam um ser-não-ser.
Saiu a gritar a plenos pulmões, anunciando o sol que pretendia nascer.