o dia em que chutamos as bolinhas
O som constante da chuva dita os acordes da melodia
nesta semana de véspera natalina
em que o céu decidiu cantar cântaros repletos
e lavar a terra, regar as plantas e acariciar as edificações.
Som de água e céu, chuva e folhas.
Um tilintar de gotas que transforma o jardim
em uma coleção de musicais intrumentos.
E assim cantam as pedras, a terra, o tronco das árvores.
Em meio à sinfonia,
os costumeiros preparativos de natal pediam uma visita ao centro da cidade,
para que mãos e olhos atentos descobrissem miudezas
destinadas a bem receber os muito queridos com a casa em festa.
E assim foi.
Algumas horas depois, ao voltar em casa,
a cena multicolorida tomava forma e movimento no quarto de meu filho.
Com todos os móveis e objetos devidamente empilhados (por ele) sobre a cama,
uma profusão de bolinhas coloridas preenchia o chão do quarto.
E uma criança sorridente corria de um lado para o outro,
e chutava, dançava, erguia os braços e ria.
Como pode ser simples transformar uma manhã de segunda-feira chuvosa em festa multicor…
Experimentando a brincadeira,
aprovada com igual entusiasmo, fiquei imaginando onde estava eu
que até hoje ainda não havia corrido e lançado as pernas para o ar
ao redor de um um chão repleto de bolinhas…
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